A profecia está em Oséias 6:6, e diz o seguinte: “Porque eu quero misericórdia, e não sacrifício: e o conhecimento de Deus mais do que os holocaustos”.
Hoje, é preciso, em primeiro lugar, descobrirmos qual era o plano de Deus ao fazer tantos apelos proféticos aos habitantes do reino do norte, Israel. Creio que você não terá grandes dificuldades para fazer essa descoberta. O sonho de Deus era levar o povo ao arrependimento e assim evitar o cativeiro assírio. Esse arrependimento foi o alvo de todos os profetas e de todas as mensagens proféticas proferidas. Todos os métodos e recursos foram usados, mas o sonho, infelizmente, não aconteceu.
Vamos analisar alguns versos que antecedem esta profecia, para que tenhamos uma compreensão plena do assunto? No sexto capítulo, verso quatro, encontramos o seguinte quadro: “Que te farei, ó Efraim? Que te farei ó Judá? Porque a vossa beneficência é como a nuvem da manhã, e como o orvalho da madrugada, que cedo passa”. Aqui temos um retrato de como era a religiosidade de Efraim e Judá. A preocupação de Deus era tão grande que chegou ao ponto de perguntar: “Que te farei?” Ou, em outras palavras, “o que mais posso fazer para chamar a atenção de vocês? O que mais posso fazer para que mudem de comportamento?” Deus procurou todos os meios para levar os habitantes de Samaria ao arrependimento. Pela pergunta feita, Deus dá a entender que não há nada mais a fazer.
Disse alguém que a atitude de Deus se “assemelha a um pai desejoso de reaver o filho extraviado; Deus pergunta sobre que outros meios deveria usar para reabilitar o povo rebelde. Ele não queria empregar o ultimo recurso, que é o castigo” (Estudo sobre os Profetas Menores vol.1 pg. 165). Um pai amoroso jamais se sentirá bem ao ter que castigar o seu filho. Isto sempre é desagradável.
Os poucos momentos que Israel esteve ao lado de Deus foram curtos e inconsistentes que a lealdade e o amor foi comparado como a nuvem da manhã ou o orvalho da madrugada que cedo passa. Sim, as nuvens da madrugada não resistem o sol brilhante da manhã.
A grande verdade é que Israel vivia mais em desobediência do que em obediência a Deus. Havia uma religiosidade só de aparência e este tipo de religião pode até servir para homens, porém não serve para Deus.
Amigo ouvinte, Deus não deseja ver apenas uma aparência passageira, a semelhança de uma névoa, de uma nuvem. A religião no tempo do profeta Oséias era tratada dessa forma. Não havia comprometimento real com as coisas de Deus. Não era falta de religião ou religiosidade. A igreja funcionava com todos os seus rituais, mas no momento que foi avaliada por Deus, tudo o que eles faziam não passava de uma névoa que se dissipa com qualquer vento.
Dentro deste contexto, uma religiosidade frágil, o profeta Oséias faz um apelo profético ao povo. A mensagem diz que Deus não queria mais presenciar esse tipo de adoração. Ele queria ver misericórdia e não sacrifícios, mais conhecimento e menos holocausto, ofertas. Menos formalidade e sim entrega do coração.
A religião de aparência, o formalismo, desagradava a Deus. Grande parte dos sacrifícios e ofertas nessa época se tornaram uma forma de ostentar prestigio e poder financeiro. Os ricos ofereciam muitos sacrifícios apenas para cumprir um ritual e impressionar o povo.
Amigo ouvinte, religião para Deus não tem nada a ver com mera aparência ou formalidade. Se você, por acaso, está vivendo uma vida religiosa apenas na formalidade ou cumpre alguns requisitos que a sua igreja estabeleceu, você está, segundo a mensagem do profeta Oséias, tendo uma religiosidade semelhante a névoa, a nuvem que passa.
O que Deus queria e quer ver ainda hoje é um espírito de misericórdia, a religião na prática. O apóstolo Tiago descreve: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo” (Tiago 1:27).
Desta profecia podemos tirar mais uma lição para a nossa vida. Deus valoriza não o que estamos fazendo, mas o sentimento que empregamos ao fazer tal serviço. Por isso, amigo ouvinte, é importante além de desenvolvermos muitas atividades em nossa comunidade, em nossa Igreja, termos consciência de que Deus está olhando para o nosso coração, a nossa motivação.
A profecia diz que Deus queria ver naqueles dias a misericórdia em atividade e o conhecimento da vontade dEle. Deus não mudou. O mesmo sentimento é esperado de todos os que dizem que são religiosos.
A maior prova de nossa religiosidade não é medida pelo que fazemos pela Igreja, nem o quanto damos para a Igreja ou para os pobres; mas, sim o espírito, a motivação com que fazemos todas essas coisas. Por isso quero deixar algumas perguntas para que meditemos no dia de hoje:
1. A minha, a sua religião, está baseada em que modelo? Divino ou humano?
2. Qual é o sentimento que está em nosso coração quando corrigimos o faltoso?
3. A minha, a sua vida, é marcada por atos, obras ou por um espírito amável e cristão?
4. A minha, a sua religiosidade, resiste a uma análise criteriosa de Deus?