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Existe tempo profético marcado para depois de 1844?

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Um dos princípios interpretativos de profecias cronológicas (isto é, com tempo determinado) entre os adventistas do sétimo dia defende que todas as profecias que se aplicam após 1844 não têm tempo determinado associado – dito de outra forma: a profecia revela o que irá acontecer, mas não refere o tempo em que irá acontecer nem quanto tempo durará o acontecimento. Portanto, todas as profecias cronológicas aconteceram até 1844, sendo que a grande profecia das 2300 tardes e manhãs (Daniel 8:14) e seus desdobramentos (Daniel 9 e 12) serão um dos melhores exemplos.

Esta ideia encontra fundamento nos escritos de Ellen White:

“O povo não terá outra mensagem com tempo definido. Após o fim desse período de tempo, que vai de 1842 a 1844, não pode haver um traçado definido de tempo profético. O mais longo cômputo chega ao outono de 1844.” Cristo Triunfante, p. 380.

Contudo, é fácil perceber que a Bíblia menciona profeticamente eventos que ainda não se concretizaram (e, portanto, serão concretizados no pós-1844), associando-lhes um período de tempo profético específico. Eis um exemplo:

“Portanto, num dia virão as suas pragas, a morte, e o pranto, e a fome; e será queimada no fogo; porque é forte o Senhor Deus que a julga.” Apocalipse 18:8

Este versículo menciona um período profético de um dia (ou um ano literal), um tempo durante o qual as pragas previstas em Apocalipse 16 se abatem sobre a terra, entre o fim do tempo da graça e a volta de Jesus. Reforçando: isto está ainda no futuro; portanto, tem tempo determinado e acontecerá após 1844.

No mesmo capítulo de Apocalipse, temos um outro período de tempo profético mencionado em três diferentes versículos:

“Estando de longe pelo temor do seu tormento, dizendo: Ai! Ai daquela grande Babilónia, aquela forte cidade! Pois numa hora veio o seu juízo.” Apocalipse 18:10

“E dizendo: Ai, ai daquela grande cidade! Que estava vestida de linho fino, de púrpura, de escarlata; e adornada com ouro e pedras preciosas e pérolas! Porque numa hora foram assoladas tantas riquezas.” Apocalipse 18:16

“E lançaram pó sobre as suas cabeças, e clamaram, chorando, e lamentando, e dizendo: Ai, ai daquela grande cidade! Na qual todos os que tinham naus no mar se enriqueceram em razão da sua opulência; porque numa hora foi assolada.” Apocalipse 18:19

Nestes textos, temos um período profético de uma hora (ou 15 dias literais), um tempo que indica a queda final de Babilónia, que se concretizará desde o livramento do povo de Deus (no dia de execução do decreto de morte) até à volta de Jesus, quando Babilónia é frustrada nos seus planos de destruir os santos e é desolada pelos antigos apoiantes. Reforçando: também isto está ainda no futuro; portanto, tem tempo determinado e acontecerá após 1844.

Mas o mais célebre texto do último livro da Bíblia que menciona um tempo profético específico ainda no porvir será seguramente este:

“Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos.” Apocalipse 20:2

Aqui temos um período de tempo de 1000 anos (não é o propósito neste momento, mas poderíamos debater se se trata de tempo profético ou literal) que se refere ao tempo de “prisão” de Satanás na Terra enquanto os salvos fazem juízo no céu. Reforçando: também isto está no futuro; portanto, tem tempo determinado e acontecerá após 1844.

Assim, temos no livro de Apocalipse três períodos de tempo determinado (dois seguramente proféticos, o outro será profético ou literal) que irão concretizar-se após 1844. Para uma melhor perspetiva, consulte o gráfico:

Assim sendo, estará a declaração inicial de Ellen White errada?

É importante verificar o seguinte: a mensageira do Senhor confirma que “Após o fim desse período de tempo, que vai de 1842 a 1844, não pode haver um traçado definido de tempo profético.” E, na realidade, não há nestes casos mencionados um traçado definido de tempo. A razão? Desde logo, em nenhum dos três casos sabemos quando começa esse período, e por isso não há possibilidade neste momento de fazer qualquer previsão, muito menos fixação de datas.

Repare bem: ali estão um tempo de um ano, outro de quinze dias e outro de mil anos; alguém pode afirmar quando começam esses períodos? Alguém pode afirmar quanto falta para cada um desses momentos? Não, não há indicação que nos permita sequer projetar uma data para isso. Portanto, não sabemos quando eles começarão e, consequentemente, não podemos saber quando terminarão. Sabemos que acontecerão e durarão aquele período de tempo; sabemos que outros acontecimentos ocorrerão antes, durante e depois; mas não temos indicação para saber especificamente quando acontecerão na linha de medição do tempo.

Não menos importante é o facto de estes três tempos proféticos estarem, no fluxo histórico, todos claramente localizados após o encerramento da porta da graça, após o momento em que Cristo termina o Seu serviço no lugar santíssimo do santuário como Sumo-sacerdote, e quando, em função disso, todos os casos estarão decididos, mais nenhuma intercessão haverá e mais nenhuma mensagem produzirá efeito algum.

Tendo em conta que o tempo de prova ou teste termina com o fim do tempo de graça, isto tem ainda mais consistência à luz da seguinte afirmação:

“O tempo não tem sido um teste desde 1844, e nunca mais o será.” Primeiros Escritos, p. 74

Assim sendo, é certa a afirmação de Ellen White. “O povo não terá outra mensagem com tempo definido” – entre 1844 e o encerramento da porta da graça, enquanto se prega a última mensagem, não há, de facto, nenhum tempo profético mencionado.

Conclusão: Deus, na Sua sabedoria que não comete erros, decidiu o que deveria revelar ao Seu povo e também o que lhe deveria ficar oculto, para benefício desse mesmo povo. Isso quer dizer que devemos estudar profundamente o que pela revelação podemos ter certeza, e deixar para confirmar mais tarde aquilo que não sabemos completamente.

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