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Eu os Enganarei…

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Precisamos entender à luz de toda a Bíblia o que significa o falso profeta ser enganado pelo próprio Deus (verso 9).

Denis Versiani

“Quando qualquer israelita ou qualquer estrangeiro residente em Israel separar-se de Mim, erguer ídolos em seu coração e puser um tropeço ímpio diante de si e depois for a um profeta para Me consultar, Eu, o Senhor, Eu mesmo, responderei a ele. Voltarei o Meu rosto contra aquele homem e farei dele um exemplo e um objeto de zombaria. Eu o eliminarei do meio do meu povo. E vocês saberão que Eu sou o Senhor. E, se o profeta for enganado e levado a proferir uma profecia, Eu, o Senhor, terei enganado aquele profeta e estenderei o Meu braço contra ele e o destruirei, tirando-o do meio de Israel, o meu povo” (Ezequiel 14:7-9).

Ao lermos um texto como esse na Bíblia, é natural ficarmos confusos. Como um Deus verdadeiro, fiel e justo pode enganar uma pessoa, sobretudo, um profeta? Profetas não são homens e mulheres enviados por Deus para repreender, orientar e corrigir o seu povo? Como, então Deus mandaria um profeta falar oráculos enganosos? Perguntas como essas fazem muita gente considerar a fé em Deus como um grande engano. Para responder a essas questões precisamos partir do pressuposto de que a Bíblia é a revelação de Deus. Por isso podemos encontrar na própria Bíblia a resposta a essas perguntas.

O livro de Ezequiel foi escrito no contexto da ruína de Judá e do cativeiro babilônico. O povo escolhido de Deus havia abandonado a aliança e mergulhado na prática de pecados detestáveis a Deus, como prostituição, corrupção, opressão e idolatria. Podemos dizer que a idolatria foi a causadora de toda degradação moral, ética e cultural, levando Israel a se afastar dos caminhos do Senhor.

Antes de Jerusalém ser destruída pelos caldeus, vários profetas foram enviados por Deus a avisar o povo de Judá sobre os perigos que a nação corria. Nesse mesmo momento, Satanás também levantou os seus falsos profetas para enganar o povo. Mas o povo decidiu ouvir as falsas mensagens de paz, em vez de atender as advertências de Deus. É mais fácil ouvir palavras agradáveis do que repreensões duras. No capítulo 13, Ezequiel fala em nome do Senhor a esses homens e mulheres usados por Satanás para enganar o povo.

“Filho do homem, profetize contra os profetas de Israel que estão profetizando agora. Diga àqueles que estão profetizando pela sua própria imaginação: Ouçam a palavra do Senhor! Assim diz o Soberano, o Senhor: Ai dos profetas tolos que seguem o seu próprio espírito e não viram nada! … Suas visões são falsas; suas adivinhações, mentira. Dizem ‘Palavra do Senhor’, quando o Senhor não os enviou; contudo, esperam que as suas palavras se cumpram… Por causa de suas palavras falsas e de suas visões mentirosas, estou contra vocês. Porque fazem o meu povo desviar-se dizendo-lhes ‘Paz’ quando não há paz…” (Ezequiel 13:1-10).

Aqueles momentos não eram de paz. Os filhos de Israel estavam diante da sua ruína, mas preferiam se enganar na mentira satânica de paz e segurança. Em todo o capítulo 13, Ezequiel profere oráculos de repreensão e juízo contra esses profetas e profetisas de Satanás. “Por isso, vocês não terão mais visões falsas e nunca mais vão praticar adivinhação. Livrarei o Meu povo das mãos de vocês. E então vocês saberão que Eu sou o Senhor” (Ezequiel 13:23).

Alguns anciãos de Israel se assentaram diante de Ezequiel. Esses líderes do povo misturavam o culto ao único Deus a rituais idólatras importados das nações vizinhas, esquecendo-se que essa foi a causa da ruína do Reino do Norte. A idolatria estava tão arraigada em suas mentes que o Senhor disse que eles “ergueram ídolos em seus corações e puseram tropeços ímpios diante de si” (Ezequiel 14:3).

Dura foi a resposta que Ezequiel deu a esses líderes. “Por isso, diga à nação de Israel: Assim diz o Soberano, o Senhor: Arrependa-se! Desvie-se dos seus ídolos e renuncie a todas as práticas detestáveis” (Ezequiel 14:6). É nesse contexto que Ezequiel profere o oráculo dos versos 7 a 9, citados no início deste artigo. Todo homem que procurasse um falso profeta receberia uma resposta do próprio Deus, na forma de vergonha e castigo (versos 7, 8).

O fato de o falso profeta ser enganado pelo próprio Deus (verso 9) deve ser entendido à luz de toda a Bíblia. A Bíblia diz que Deus endureceu o coração de Faraó (Êxodo 4:21), o coração de Acabe e os profetas (1 Reis 22:22), e incitou Davi a fazer o censo militar em Israel (2 Samuel 24:1). Mas, Deus não poderia se irar contra um mal que Ele mesmo causou. Isso seria injusto! O costume de Israel atribuir a Deus aquilo que Ele não impede de acontecer era uma cosmovisão comum nos povos do antigo Oriente. A Bíblia diz que aquilo que Deus não permite não vai acontecer. Por isso, sabemos que Satanás e seus anjos são autorizados a praticar o mal de forma limitada. Foi Satanás que incitou a rebeldia de Faraó, o engano no coração de Acabe e dos profetas de Baal, e o orgulho em Davi, da mesma forma como enganou os falsos profetas com manifestações espiritualistas no caso de Ezequiel. Ele é o pai da mentira, não Deus (João 8:44).

Esse é o dilema de Deus. Num mundo de pecado, Deus precisou permitir que o mal se manifestasse para que a humanidade e os seres criados do Universo pudessem testemunhar os frutos da rebeldia de Lúcifer no Céu (Ezequiel 28:13-17; Isaías 14:12-14). Quando alguém decide se afastar de Deus, ele abre o coração para as influências do pecado. É assim que, sob a permissão de Deus, o homem sucumbe às tentações de Satanás. Isso é o que chamamos de livre arbítrio. Deus não vai obrigar ninguém a serví-Lo, da mesma forma como não vai induzir ninguém ao erro. Ele respeita a nossa vontade de nos entregarmos aos nossos impulsos naturais. Mas, se agirmos assim, vamos ter que encarar o castigo de Deus, mais cedo ou mais tarde. Foi assim que, acreditando nas falsas profecias de paz, Israel encontrou a guerra, e sucumbiu facilmente diante do inimigo.

Amigo leitor, hoje nós estamos diante do mesmo perigo. Jesus disse: “Cuidado, que ninguém os engane. Pois muitos virão em Meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Cristo!’ e enganarão a muitos… Naquele tempo… numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos” (Mateus 24:4, 11). Esse é um dos sinais que mostram que estamos no limiar de um novo tempo. Muito em breve, o grande conflito entre Cristo e Satanás vai chegar ao seu ápice, e a última geração vai ter que se posicionar entre adorar o único Deus, ou se prostrar diante da imagem da besta.

Hoje, vemos falsos profetas realizando sinais e prodígios, como curas miraculosas, expulsão de demônios e transes místicos. Outros pregam doutrinas espiritualistas, realizando manifestações mediúnicas de adivinhação ou comunicação com os mortos, práticas abomináveis, segundo a Bíblia (veja Levítico 19:31; Deuteronômio 18:10, 11). Professos cristãos pregam a prosperidade como resultado de suas ofertas, ou a liberação sexual baseada no amor ao próximo. Eles negam a lei de Deus, alegando que ela foi abolida na cruz. De fato, muitos deles fazem isso com tanta convicção que faz parecer que realmente crêem nos seus próprios enganos. A situação está tão terrível hoje, que ficamos perplexos, sem saber em que acreditar. “Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão grandes sinais e maravilhas para, se possível, enganar até os eleitos” (Mateus 24:24). “Vejam que Eu os avisei antecipadamente” (Mateus 24:25 – leia até o verso 28). Da mesma forma que Deus avisou Israel por meio dos verdadeiros profetas, Ele também nos avisou, para que não morrêssemos entregues ao engano, assim como foi na época de Ezequiel.

Amigo, o oráculo de Ezequiel 14:7-9 é uma profecia que se estende a nós, de forma universal. Ezequiel continua dizendo que “o profeta será tão culpado quanto aquele que o consultar; ambos serão castigados. Isso para que a nação de Israel não se desvie mais de Mim nem mais se contamine com todos os seus pecados. Serão o Meu povo, e Eu serei o seu Deus” (Ezequiel 14:10, 11 – veja Apocalipse 21:3).

Quando Cristo voltar, Ele virá separar o joio do trigo, os maus dos bons. Os Seus escolhidos, aqueles que permaneceram fiéis e atenderam aos avisos de Jesus serão resgatados pelos santos anjos, e subirão para encontrar o Senhor nos ares para estar para sempre com Ele (Mateus 24:31; 1 Tessalonicenses 4:16, 17). Já, os ímpios serão destruídos, juntos com Satanás e seus anjos, pelo sopro da boca de Deus, não importam quantos “milagres”, sinais e maravilhas tenham feito (2 Tessalonicenses 2:8, 9).

Querido leitor, Deus não engana a ninguém, mas também não impede que o homem se entregue a seus próprios enganos. Por isso, não se deixe enganar: “de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear isso também colherá” (Gálatas 6:7). Permita que Deus imprima no seu coração as verdades que levam à vida. Converta-se a Deus e busque a Cristo em oração e pelo estudo da Bíblia. Erga a Deus um altar no seu coração, e se apresente a Ele diariamente como sacrifício vivo, santo e agradável, por meio de um culto racional. Quem busca conhecer e servir a Deus de coração não será desamparado; e, no final dessa História, começará uma nova História, fazendo parte do povo de Deus na eternidade. Confie em Deus, pois Ele é justo e verdadeiro!

Que Deus abençoe você!

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