Os três anjos, conectados sequencialmente em Apocalipse 14:6-12, simbolizam o povo de Deus a pregar uma tríplice mensagem de âmbito mundial, antes do final do tempo da graça e da segunda vinda de Cristo (Apocalipse 14:14). Os mensageiros devem ser pessoas santificadas, e totalmente comprometidas à semelhança dos santos anjos (Apocalipse 14:1-5, 12; Hebreus 1:14).
As três mensagens se complementam unidas em “uma sólida plataforma inamovível”[1]. E são pregadas, de forma integral, até o final. “A primeira e a segunda mensagem (Apocalipse 14:6-8) foram dadas em 1843 e 1844, e estamos agora sob a proclamação da terceira. Mas todas as três mensagens devem ainda ser proclamadas. Não pode haver uma terceira sem a primeira e a segunda”.[2]
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O primeiro anjo tem um “evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo” (verso 6). Por isso, o objetivo da tríplice mensagem não é aterrorizar pessoas, mas lhes dar esperança e salvá-las pela fé no sacrifício expiatório de Jesus Cristo (Apocalipse 1:5; 14:12). Deve ser pregada com grande voz, resultando em pessoas convertidas “que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (verso 12).
Esse processo inclui a justificação pela fé em conexão com a santificação pela fé em Cristo. “Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, o mar, e as fontes das águas” (verso 7).
Momento de juízo
O motivo para o temor reverencial e dar glória a Deus é o início do Seu juízo. Trata-se do juízo investigativo pré-advento iniciado em 1844, e ensinado em Daniel 7:9-14 e 8:14.[3] O evangelho eterno não anula a base bíblica e a relevância do juízo (2 Coríntios 5:10; Hebreus 9:27-28; Apocalipse 22:11).[4] Pessoas transformadas pelo evangelho glorificam a Deus em tudo (1 Coríntios 10:31). Pois, “dar glória a Deus é revelar o caráter dEle por meio do nosso e, assim, torná-Lo conhecido”[5].
No século XIX, surgia a enganadora teoria ateísta da evolução das espécies. “O fato de o anjo enfatizar a adoração a Deus como Criador do céu e da Terra (verso 7) aponta inequivocamente para o negligenciado quarto mandamento da lei de Deus, o preceito do sábado do sétimo dia (Êxodo 20:8- 11)”.[6] Conforme Stefanovic, “a questão central na crise final será adoração”, e o apelo para adorar “Aquele que fez o céu, e a terra, o mar, e as fontes das águas” é uma evidente alusão ao quarto mandamento do Decálogo”.[7]
Adorar a Deus neste tempo do fim contrasta com a adoração à besta mencionada na terceira mensagem. Implica, também, em ser criacionista e não evolucionista, e em santificar o sábado bíblico do quarto mandamento. “Essa mensagem (Apocalipse 14:6, 7), se recebida, chamará a atenção de toda nação, tribo, língua e povo para um meticuloso exame da Palavra, e para a verdadeira luz a respeito do poder que mudou o sábado do sétimo dia para um sábado espúrio”.[8]
Queda de Babilônia
Na sequência, o segundo anjo anuncia: “Caiu, caiu a grande Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição” (vs. 8). “Em Apocalipse capítulo 17, Babilônia é representada por uma mulher. Trata-se de uma figura que a Bíblia usa como símbolo de igreja, sendo uma mulher virtuosa a igreja pura, e uma mulher desprezível, a igreja apóstata.[9]
Em Isaías 14, o rei de Babilônia é o representante de Lúcifer (Isaías 14:4, 12-14). A “taça de veneno que ela oferece ao mundo representa as falsas doutrinas que aceitou, resultantes da união ilícita com os poderosos da Terra”.[10] Babilônia “mudou o dia de repouso, colocando o primeiro dia da semana onde deveria estar o sétimo”.[11]
Deus ordena não adorar imagens de escultura (Êxodo 20:4-6), porém, ela induz multidões a este grande pecado. Enquanto a Bíblia ensina a salvação pela fé no sacrifício de Jesus Cristo (Atos 4:12; Apocalipse 13:8), Babilônia promove hereticamente salvação por sacramentos, indulgências e boas obras.
Enquanto Cristo intercede por seu povo no santuário celestial, ela estabeleceu um sistema terrestre rival por meio da missa e da intercessão sacerdotal.[12] Esta mensagem continuará até o fim, uma vez que Babilônia é descrita como se tornando cada vez pior.[13] Por sua vez, o terceiro anjo segue o segundo, “com grande voz”. “Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice de sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome. Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Apocalipse 14:9-12).
Pregar esta mensagem é a nossa obra. Embora seja uma poderosa advertência mundial feita aos homens contra a adoração à besta e a sua imagem, “a terceira mensagem angélica é a mensagem do evangelho para os últimos dias”.[14] Ela convida “o povo para receber a justiça de Cristo, que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus”.[15] Esta mensagem deve ser pregada com alto clamor, conforme declara a seguinte profecia.
Alto clamor
“Depois destas coisas, vi descer do céu outro anjo, que tinha grande autoridade, e a terra se iluminou com a sua glória. Então, exclamou com potente voz, dizendo: Caiu! Caiu a grande Babilônia e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável” (Apocalipse 18:1-2).
Este é o alto clamor do terceiro anjo. Capacitado pela chuva serôdia do Espírito Santo, o povo de Deus anunciará a queda completa de Babilônia, pois todas as nações terão bebido completamente “do vinho do furor da sua prostituição” (verso 3). A primeira chuva do Espírito Santo foi nos dias apostólicos (Atos 2:1-15). A última ocorrerá “antes que venha o grande e glorioso Dia do Senhor” (Joel 2:23, 28-32; Atos 2:17-21).[16] “De fato, todo mundo será cheio ou do Espírito Santo ou do espírito de demônios. Não haverá experiência neutra”.[17]
Servos de Deus com o “rosto iluminado e resplandecendo com santa consagração”[18] farão os derradeiros, e mais poderosos apelos para salvação aos sinceros no vale da decisão: “Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos” (Apocalipse 18:4). Por desprezar verdades bíblicas, Babilônia caiu ao ponto de se tornar “morada de demônios” e “covil de toda espécie de espírito imundo”. Deus chama seu povo para sair dela, pois, aqueles que ficarem se tornarão “cúmplices em seus pecados”.
Fidelidade ao Criador
A terceira mensagem angélica faz alusão a Apocalipse 13 e à marca da besta, a ser imposta por decreto a partir dos Estados Unidos da América.[19] Conforme as Escrituras, o selo da lei de Deus se encontra no quarto mandamento (Isaías 8:16; Êxodo 31:17; Isaías 8:16; Ezequiel 20:12, 20). “Unicamente este, entre todos os dez, apresenta não só o nome, mas o título do Legislador. Declara ser Ele o Criador dos céus e da Terra, e mostra, assim, o Seu direito à reverência e culto, acima de todos”.[20]
No entanto, a observância do primeiro dia da semana é o sinal da besta.[21] Mas “ninguém recebeu até agora o sinal da besta”.[22] Quando “a observância do domingo for imposta por lei, e o mundo for esclarecido relativamente à obrigação do verdadeiro sábado, quem então transgredir o mandamento de Deus para obedecer a um preceito que não tem maior autoridade que a de Roma, honrará desta maneira ao papado mais do que a Deus. Prestará homenagem a Roma, e ao poder que impõe a instituição que Roma ordenou. Adorará a besta e a sua imagem”.[23]
Temos de evitar o que a inspiração chama de “criminosa indiferença”.[24] “Com tal maldição pesando sobre os transgressores do santo sábado de Deus, não deveríamos mostrar maior fervor, mais zelo? Por que somos tão indiferentes, tão egoístas, tão absorvidos pelos interesses temporais?”.[25]
Por outro lado, Ellen White, citando 2 Coríntios 7:1, reconheceu que devido à indiferença para com a reforma de saúde “o povo de Deus não está preparado para o alto clamor da terceira mensagem angélica”.[26] É necessária uma “reforma do coração”[27] que resulte na reforma de hábitos. É bom lembrar que “toda verdadeira reforma tem seu lugar na obra da terceira mensagem angélica”.[28]
Tempo de proclamar
Este tempo é tremendamente solene, e de muitas oportunidades para a pregação do evangelho e da verdade presente. Segundo Ellen White, mesmo antes do tempo de prova “o alto clamor do terceiro anjo já começou na revelação da justiça de Cristo, o Redentor que perdoa os pecados.[29] Precisamos do “espírito do alto clamor”. “Oh, vejo tanto a necessidade de nossos ministros se possuírem do espírito do alto clamor antes que seja demasiado tarde para trabalhar pela conversão de almas!”.[30]
Agora é o tempo de consagração total à missão. Quantas pessoas estão perdidas, necessitando receber salvação! “Jesus tem pressa de voltar (Apocalipse 22:20). Se estivermos “esperando e apressando a vinda do Dia de Deus” (2 Pedro 3:12), logo veremos o Senhor voltando em glória e majestade. Façamos agora a nossa parte, a fim de salvar o máximo de pessoas. Que as seguintes profecias se cumpram por meio de nós.
“Viam-se centenas e milhares visitando famílias e abrindo perante elas a Palavra de Deus. Os corações eram convencidos pelo poder do Espírito Santo, e manifestava-se um espírito de genuína conversão”.[31] “É em grande parte por meio de nossas casas editoras que se há de efetuar a obra daquele outro anjo que desce do Céu com grande poder e, com sua glória, ilumina a Terra”.[32] Nossa missão nunca foi pregar algo sensacionalista, maravilhoso e arrebatador, mas sim a verdade presente, a tríplice mensagem angélica em um alto clamor. Você já está comprometido e participando das alegrias de salvar pessoas para o reino de Deus?
[1]Ellen G. White, História da redenção, 11ª ed. Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2013, p. 385.
[2]_______, Cristo triunfante, MM 2002, p. 337.
[3]Tratado de teologia adventista do sétimo dia, 1ª ed., editado por Raoul Dederen, Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2011; p. 965.
[4]Sobre a doutrina do juízo investigativo pré-advento ver: Ellen G. White, O grande conflito, 43ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013, p. 317-342; Tratado de teologia adventista do sétimo dia, p. 904-948. Wilson Borba, https://noticias.adventistas.org/pt/coluna / wilson-borba/morte-juizo-e-a-segunda-vinda-de-cristo/; https://noticias.adventistas.org/pt/coluna/wilson-borba/22-de-outubro-de-1844/.
[5]Francis D. Nichol, ed., Comentário bíblico adventista do sétimo dia, 1ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014, v. 7, p. 1094.
[6]Tratado de teologia adventista do sétimo dia, p. 969.
[7]Ranko Stefanovic, Revelation of Jesus Christ, Berrien Springs, MI: Andrews University Press, p. 455.
[8]Ellen G. White, Cristo triunfante, p. 337.
[9]_______, O grande conflito, p. 381.
[10]Ibidem, p. 388.
[11]Ellen G. White, Eventos finais, Copyright © 2013, Ellen G. White Estate, 2004, p. 124.
[12]C. Mervin Maxwell, Uma nova era segundo as profecias de Daniel, 2ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011, p. 190. Wilson Borba, “La doctrina católica romana de la transubstanciación a la luz de Mateo 26:26-28, e implicaciones con el ministério de Cristo en el santuario celestial”. Tesis de maestria (2014) Universidad Peruana Unión.
[13]Tratado de teologia adventista do sétimo dia, p. 965-966.
[14]Ellen G. White, Conselhos sobre saúde, 4 ed. Tatuí, São Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2013, p. 524.
[15]_______, Evangelismo, 3ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2012, p. 190.
[16]LeRoy Edwin Froom, A vinda do Consolador, 1ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1988, p. 96-135; Ron E. M. Clouzet, La maior necesidad del adventismo, Buenos Aires: casa Editora Sudamericana, 2011. Wilson Borba, “Haverá um segundo Pentecostes”. https://noticias.adventistas. org/pt/coluna/wilson-borba/havera-um-segundo-pentecostes/.
[17]Norman Gulley, “O ‘Outro’ Segundo Advento” em O futuro, editado por Alberto R. Timm, Amin A. Rodor e Vanderlei Dorneles, Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2004, p. 216.
[18]Ellen G. White, História da redenção, p. 401.
[19]Para um estudo mais detido sobre o assunto ler: Marvin Moore, Apocalipse 13, 1ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013; C. Mervyn Maxwell, Uma nova era segundo as profecias do apocalipse, 3ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, p. 390-433.
[20]Ellen G. White, O grande conflito, p. 452.
[21]_______, Testemunhos para ministros, 3ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1993, p. 133.
[22]_______, Evangelismo, p. 234.
[23]Ibidem, p. 233-234.
[24]Ellen G. White, O grande conflito, p. 315.
[25]_______, Conselhos sobre mordomia, 5ª ed. Tatuí, Casa Publicadora Brasileira, 2012, p. 51.
[26]_______, Conselhos sobre o regime alimentar, 12ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2012, p. 33.
[27]_______, Ibidem, p. 35.
[28]_______, Conselhos sobre saúde, p. 433.
[29]_______, Mensagens escolhidas, 2ª ed. Santo André, SP: casa publicadora Brasileira, 1985, v. 1, p. 363.
[30]_______, Evangelismo, p. 405.
[31]_______,Conselhos sobre saúde, p. 580.
[32]_______, O colportor-evangelista, 10ª ed., Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1999, p. 4.