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Inesperada para alguns e aguardada por outros, a vinda de Cristo surpreenderá a todos

Marcar datas para a segunda vinda de Jesus tem sido uma tentação para os cristãos ao longo da história. Adventistas e evangélicos em geral não estão livres dessa armadilha. Se a Igreja Adventista foi vacinada contra essa tendência no início do movimento, infelizmente ainda é possível encontrar especulações entre um ou outro membro.

Por incrível que pareça, os primeiros discípulos já eram inclinados a especular sobre a data da segunda vinda de Cristo. “Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da Tua vinda e da consumação do século”, eles pediram (Mt 24:3). Em Seu sermão profético (Mt 24–25), o Salvador os advertiu contra duas posturas errôneas: o sensacionalismo (capítulo 24) e a indiferença (capítulo 25). Ele sabia que somos susceptíveis a oscilar entre essas duas atitudes em relação a Seu retorno.

Mesmo hoje, muitos tentam marcar a data da vinda de Jesus ou dos eventos finais. Outros estabelecem uma data-limite e dizem que Cristo pode vir a qualquer dia antes do prazo que eles descobriram. Esses cálculos não autorizados por Deus (Mt 24:36) levam a negligenciar o preparo para o encontro com Cristo, pois ainda haveria algum tempo até o cumprimento da profecia, ou a desprezar os demais aspectos da vida, já que o tempo seria tão breve que não valeria a pena cuidar de nada mais.

Alguns somam um período de tempo mencionado na Bíblia à data de um fato com o fim de descobrir a data do cumprimento de uma profecia. Em 2018, quando o Estado de Israel completou 70 anos, alguns calcularam a data do “arrebatamento” a partir desse evento. O ano terminou e nada aconteceu, mas há ainda quem tente descobrir novas datas para o fim.

TEMPOS PROFÉTICOS

A Bíblia aponta períodos proféticos prévios à volta de Cristo. O profeta Daniel relatou: “Um deles disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando se cumprirão estas maravilhas? Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda ao céu e jurou, por Aquele que vive eternamente, que isso seria depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E, quando se acabar a destruição do poder do povo santo, estas coisas todas se cumprirão” (Dn 12:6-7). O homem vestia o mesmo traje que o sumo sacerdote usava no Dia da Expiação (Lv 16:4, 32) e representa Cristo, nosso sumo sacerdote celestial (Hb 8:1; 9:11), oficiando no Dia da Expiação antitípico (Dn 8:14; Hb 9:7), quando há um juízo prévio de cada pecador (Lv 16:29-33; 23:27-29).

Em vista da dúvida do profeta a respeito do “fim destas coisas” (Dn 12:8), Deus lhe revelou outros períodos de tempo: 1.290 dias (v. 11) e 1.335 dias (v. 12). Anteriormente, Deus já lhe havia revelado outros prazos proféticos: 2.300 “tardes e manhãs” (Dn 8:14, 26); 70 semanas proféticas (9:24–27), divididas em períodos de “sete semanas” e 62 “semanas” (v. 25) e uma última “semana”, com a unção do Messias no início da semana e Sua morte na metade desta (v. 26, 27).

O período de “um tempo, dois tempos e metade de um tempo” (Dn 7:25; 12:7; Ap 12:14) equivale a três anos e meio, 42 meses (Ap 11:2; 13:5) ou 1.260 dias (Ap 11:3; 12:6). Aplicando o princípio de que, na profecia, um dia equivale a um ano (Nm 14:34; Ez 4:6), descobrimos um período de 1.260 anos de apostasia e opressão (Dn 7:25; Mt 24:22, 29; 2Ts 2:1-12; Ap 11:2, 3; 12:6, 14). Esse tempo se cumpriu entre os anos de 538 e 1798, respectivamente datas de ascensão e queda do papado como potência política.

Os demais períodos de tempo previstos por Daniel também levam em conta o princípio profético dia/ano e se encaixam uns nos outros, conforme se pode ver no diagrama. Entender que esses períodos de tempo se relacionam entre si e seguem o princípio de que um dia equivale a um ano previne o sensacionalismo. O ano 457 a.C., data do decreto para a reconstrução de Jerusalém, é o ponto de partida para as profecias de tempo (Dn 9:25; Ed 7). As demais datas articulam entre si.

NÃO HAVERÁ MAIS TEMPO

Daniel selou o livro que escrevia (Dn 12:4). No Apocalipse, o apóstolo João viu um livro selado ser aberto (Ap 5:1–6:17; 8:1). À medida que o livro era aberto, ocorriam sinais da vinda de Cristo (Ap 6). Depois, João presenciou os seis primeiros anjos tocarem suas trombetas (Ap 8, 9), o que tipifica o anúncio do Dia do Juízo (Lv 25:9; Js 6:5, 20; Is 27:13; 58:1; Jl 2:1). Então, antes de o último anjo tocar sua trombeta (Mt 24:31; 1Co 15:52; 1Ts 4:16; Ap 10:7; 11:15), João viu um “anjo forte” segurando um livro aberto (Ap 10:1).

Este anjo de Apocalipse 10 é semelhante a Cristo (ver Ap 1:12-16). Ellen G. White comentou: “O poderoso Anjo que instruiu João não era ninguém menos que Jesus Cristo” (Cristo Triunfante, p. 344). O Anjo aparece entre as nuvens (Ap 10:1), assim como o Filho do Homem veio entre nuvens até o Ancião de Dias para receber autoridade para julgar (Dn 7:13, 14). Como na visão de Daniel 12, o Anjo também faz um juramento: “Então, o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu e jurou por Aquele que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles existe: Já não haverá demora” (Ap 10:5, 6).

A palavra grega traduzida por “demora” é chronos, que significa “tempo”. A maioria dos tradutores da Bíblia parece não ter percebido muito bem o sentido na frase “já não haverá tempo” e preferiu traduzir chronos por “demora”. O verbo grego chronizo, derivado do substantivo chronos, significa “demorar” ou “atrasar- se” (Mt 25:5). O substantivo chronos, no entanto, nunca significa “demora”. Como se pode observar, há muitas semelhanças entre Daniel 12 e Apocalipse 10.

A diferença é que, enquanto na profecia de Daniel Cristo jurou que haveria períodos de tempo, em Apocalipse Cristo jurou que não haverá mais um chronos, isto é, um tempo. Por isso, Ellen G. White escreveu: “Esta mensagem anuncia o fim dos períodos proféticos” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 108). Os períodos preditos por Daniel terminaram em 1844, quando se completaram os 2.300 anos e iniciou no santuário celestial o Dia da Expiação profético (Dn 8:14). Depois, não há mais profecia de tempo para se cumprir.

Ellen G. White enfatizou: “Tenho sido advertida repetidamente com referência a marcar tempo. Nunca mais haverá para o povo de Deus uma mensagem baseada em tempo. Não devemos saber o tempo definido nem para o derramamento do Espírito Santo nem para a vinda de Cristo” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 188). “O tempo não tem sido um teste desde 1844, e nunca mais o será” (Primeiros Escritos, p. 75).

Deus, em Sua sabedoria, quis nos proteger dos perigos do sensacionalismo e da indiferença ao não nos revelar a data da vinda de Cristo e dos eventos que a antecedem. “E por que Deus não nos deu esse conhecimento? Porque não faríamos dele o devido uso […]. Não devemos viver em excitação acerca de tempo. Não nos devemos absorver com ­especulações relativamente aos tempos e às estações que Deus não revelou” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 189). Mais importante que saber quando Cristo virá, é preparar-se para encontrá-Lo.

FERNANDO DIAS, pastor e mestrando em Teologia, é editor na CPB

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