A linguagem e as imagens das 7 trombetas são complexas. Sua aplicação a eventos históricos específicos tem resultado em vários pontos de vista. As sete trombetas recapitulam a história desde uma perspectiva particular e, de certa forma, os eventos que ocorrem no toque das trombetas estão em paralelo com outros eventos mencionados em outros ciclos de sete no Apocalipse, como as sete igrejas, os sete selos e outros.
Há, por exemplo, uma grande semelhança entre as sete trombetas e as sete pragas. A diferença entre elas, contudo, levam-nos a concluir que as sete trombetas são “juízos de advertência”. Aqueles que aprenderem as lições ensinadas pelas trombetas não terão de sofrer as catastróficas consequências das sete últimas pragas, tema que ainda estudaremos numa lição futura.
Podemos ainda estabelecer uma série de comparações entre as trombetas e os selos do capítulo 6. Tanto as trombetas como os selos estão arranjados em grupos de quatro e três. Os quatro primeiros selos formam um grupo – os quatro cavaleiros do Apocalipse (Apocalipse 6:1-8). As últimas três trombetas também formam um grupo, os três medonhos ais (Apocalipse 9:12; 11:14). Além disso, após a abertura do sexto selo, quatro anjos seguram os ventos até que o selamento dos 144 mil se complete (Apocalipse 7:2-3), por outro lado, quatro anjos são vistos atados junto ao rio Eufrates sob a sexta trombeta (Apocalipse 9:14-15).
Uma cena no santuário celestial
Temos aqui mais uma cena no santuário celestial. Sete anjos estão diante do trono e recebem sete trombetas. Ao ser tocada, cada uma das trombetas apresenta um juízo divino. Estes não são os juízos finais, como na queda das sete pragas, mas juízos de admoestações preliminares. O fato dos anjos com as trombetas saírem do altar de incenso, sugere que o tempo de graça para o mundo ainda não terminou durante o toque das seis primeiras trombetas. O toque da sétima trombeta ocorre já no momento da Volta de Jesus (Apocalipse 11:15-18), assim como a abertura do sétimo selo (Apocalipse 8:1).
O que representa na Bíblia o toque de uma trombeta? Números 10:1-10.
O toque da trombeta nos dias do Antigo Testamento servia para convocações religiosas, guerras e anúncios (Números 10:2-12; Jeremias 4:19-20). No Novo Testamento, o toque da trombeta está associado à Volta de Jesus (1 Coríntios 15:51-52; 1 Tessalonicenses 4:16).
As sete trombetas não são juízos finais de Deus sobre pecadores impenitentes, mas ocorrem dentro do fluxo da história. Portanto, devemos distinguir claramente entre o propósito das trombetas e das sete pragas (Apocalipse 16) que só ocorreram depois de terminada a graça para a humanidade (Apocalipse 22:11).
As quatro primeiras trombetas
Não é fácil definir o cumprimento histórico preciso das profecias, principalmente as sete trombetas. Toda interpretação sugerida necessita ser discutida em termos da validade da análise do texto bíblico e de seu cumprimento histórico. A visão que apresentaremos em seguida trata-se de um consenso de alguns teólogos da modernidade.
O que acontece quando o anjo toca a primeira trombeta? Apocalipse 8:7
Saraiva (granizo), fogo e sangue são figuras de juízo na Bíblia (Ezequiel 38:21-22; Salmo 11:6). Já a terça parte é uma expressão que denota uma medida imparcial ou incompleta. Esta primeira trombeta tem seu cumprimento nos juízos divinos que se abateram sobre Jerusalém. Em seu discurso profético Jesus havia advertido os discípulos sobre guerras (Mateus 24:6). Entretanto, na seção paralela descreve a queda de Jerusalém e as aflições pelas quais passaria o povo judeu (Mateus 24:15-19). Assim esta trombeta se cumpre nos juízos divinos, primeiro, com a destruição de Jerusalém no ano 70 a.D., e depois nas sucessivas perseguições dos imperadores Trajano e Adriano. Por volta de 135 a.D., dezenas de cidades e centenas de povoados já haviam sido destruídos.
O que acontece quando o anjo toca a segunda trombeta? Apocalipse 8:8-9
O texto fala de uma grande montanha. Montanha ou monte aparecem na Bíblia como um símbolo de um povo, nação, ou poder (Isaías 2:2-3; Daniel 2:35, 44-45; Ezequiel 35:2, 7-8). O fogo simboliza o poder de julgar e destruir (Isaías 10:16-17; Mateus 25:41). Já o mar representa povos, nações, multidões e línguas (Apocalipse 17:15). O transformar-se em sangue, é símbolo de guerra e derramamento de sangue. Logo, esta trombeta nos remete as invasões das tribos bárbaras que finalmente provocaram a queda do império romano do ocidente. De fato, depois do ano 70, quando Jerusalém foi destruída, Roma imperial passou a ser vista como uma nova Babilônia, porque como aquela, havia destruído o templo dos judeus e a cidade de Jerusalém (1 Pedro 5:13).
A profecia de Daniel falava de dez reinos que minariam o poder de Roma (Daniel 2:41-44; 7:7, 24). Esta profecia tem seu cumprimento com as dez tribos bárbaras que invadiram a Itália, entre os anos 352 a 476 a.D. Como enxames incontáveis de gafanhotos devoradores, assolaram tudo o que encontravam pela frente. O império romano perdeu sua força e Odoacro, rei dos Hérulos, tomou Roma e foi proclamado rei da Itália em 476 a.D., o mesmo ano da morte de Rômulo Augusto, o último imperador de Roma.
O que acontece quando o anjo toca a terceira trombeta? Apocalipse 8:10-11.
A visão inaugural de Apocalipse apresenta Cristo segurando em sua mão direita sete estrelas (Apocalipse 1:16). Estas estrelas simbolizam os anjos das sete igrejas (Apocalipse 1:20). Apocalipse 12:1 usa “estrelas” como símbolo dos dirigentes do povo de Deus. O número 12 representando os 12 patriarcas do Antigo Testamento e os 12 apóstolos do Novo Testamento. Uma figura da igreja de Deus em todas as épocas.
Ao longo da história, quase que imperceptivelmente os costumes do paganismo tiveram ingresso na igreja cristã. O paganismo, conquanto parecesse suplantado, tornou-se o vencedor. Seu espírito passou a dominar a igreja. Para conseguir vantagens e honras humanas, a igreja foi levada a buscar o favor e apoio dos grandes homens da Terra, e havendo assim rejeitado a Cristo, foi induzida a prestar obediência a um sistema antagônico ao governo de Deus.
A queda dessa estrela, na terceira trombeta, simbolizaria então a apostasia da igreja cristã, um afastamento coletivo da verdade. Judas refere-se aos falsos mestres como “estrelas errantes” reservadas para as trevas (Judas 1:12-13). Como resultado, os ensinos da igreja e as formalidades religiosas seriam como águas amargosas e mortais para os homens.
O que acontece quando o anjo toca a quarta trombeta? Apocalipse 8:12-13.
A quarta trombeta atinge o sol, a lua e estrelas. Este é o conjunto de astros criados por Deus para iluminar a terra (Gênesis 1:14-16). Quando Deus pronunciou a condenação do Egito, através do profeta Ezequiel, Ele declarou: “Ao sol encobrirei com uma nuvem, e a lua não deixará resplandecer a sua luz. Todas as brilhantes luzes do céu enegrecerei sobre ti, e trarei trevas sobre a tua terra, diz o Senhor Jeová” (Ezequiel 32:7-8). As trevas preditas aqui sobre o Egito não era uma simples escuridão física. Era uma escuridão que deveria envolver toda a nação. A luz do Espírito que brilhara tão esplendorosamente e durante tanto tempo no oriente antigo, deveria apagar-se nas trevas. Assim, também, é predito na quarta trombeta um período de escuridão espiritual para o mundo.
Quando se cumpriu essa profecia? Alguns afirmam que na Idade Média, também chamada de idade escura, quando as trevas espirituais e morais atingiu a humanidade, se cumpre o toque da quarta trombeta. Uma paralisia moral e intelectual caíra sobre a cristandade e milhares se afastaram da Palavra da verdade. Este afastamento propiciou o surgimento do ateísmo secular e a existência de Deus foi questionada.
As três últimas trombetas – os três ais
Apocalipse 8:13 introduz as últimas três trombetas, também chamadas de ais. Com estes ais ou maldições, Deus permite um aumento das manifestações demoníacas e trevas morais e espirituais sobre a terra. A longa descrição da quinta e sexta trombetas são intrigantes e a identificação dos fatos históricos não são simples de ser interpretados. Parece que elas nos falam dos tormentos espirituais daqueles que resistem à voz divina que clama por arrependimento.
O que acontece quando o anjo toca a quinta trombeta? Apocalipse 9:1-2.
Para muitos estudiosos, a quinta trombeta apresenta o surgimento e o progresso do Islamismo na Arábia a partir do século VII da era cristã. A Arábia tem sido chamada “o poço do abismo”, por causa de seus desertos e áreas vazias. Um adepto do islamismo é chamado de mulçumano “aquele que se submete”. Os mulçumanos acreditam em 25 profetas. Esta lista inclui Adão, Abraão, Moisés, Jesus e Maomé, que é visto como o Último Mensageiro, trazendo a mensagem final de Deus a toda a humanidade sob a forma do Alcorão, “recitação”, sendo por isso designado como o “Selo dos Profetas”.
Os muçulmanos acreditam que Maomé recebeu ensinamentos de Alá (Allah, a palavra árabe para Deus) por intermédio do anjo Gabriel, através de revelações que ocorreram entre os anos 610 e 632 d.C. Maomé recitou essas revelações aos seus companheiros, e posteriormente foram registradas e deram origem ao livro sagrado do Alcorão. Maomé seria, para alguns estudiosos do Apocalipse, essa “estrela caída” da quinta trombeta (Apocalipse 9:1). Após sua morte, em 632 a.D., os árabes foram comparados às espessas nuvens de gafanhotos invadindo o mundo na tentativa de disseminar a religião muçulmana.
Um período de tormento
Por quanto tempo esse poder causaria dano aos homens? Apocalipse 9:5, 10.
Cinco meses em profecia equivale a 150 anos (30 dias x 5 = 150 dias proféticos/anos literais). Alguns teólogos defendem que esse período se cumpre entre 27 de Julho de 1299, quando Otman (ou Osman), fundador do Império Otomano, invadiu pela primeira vez o território de Nicomédia, até 27 de julho de 1449, quando Constantino XII, último imperador grego, chega ao trono com a permissão do sultão do Império Otomano.
A profecia revela que surgiria um rei cujo nome era “destruidor” (Abadom e Apolion – Apocalipse 9:11), e junto com seus súditos, representados pelos turcos otomanos, assolariam as províncias do Império Romano do Oriente. Como hordas de gafanhotos (soldados) saíram do fumo do maometismo e se lançaram a guerra até 27 de Julho de 1449, quando terminam os 150 anos do soar da quinta trombeta. Este é considerado o primeiro ai (Apocalipse 9:12).
O que acontece quando o anjo toca a sexta trombeta? Apocalipse 9:13-15
Quando o anjo toca a sexta trombeta, quatro anjos que se encontravam atados junto ao rio Eufrates são soltos. Alguns têm entendido estes quatro anjos como se aplicando aos quatro sultanatos principais: Alepo, Icônio, Damasco e Bagdá, que compreendiam o Império Otomano e estavam situados na região do Eufrates. Eles deveriam ser libertos por um período de tempo específico: “Uma hora, um dia, um mês, e um ano”. Quanto tempo soma este período em profecia?
1 hora = 15 dias
1 dia = 1 ano
1 mês = 30 dias = 30 anos
1 ano = 360 dias = 360 anos
Total: 391 anos e 15 dias
Esse período profético se cumpre na história exatamente a partir do dia 27 de julho de 1449, quando Constantino XII reconheceu a supremacia turco-otomana, ao submeter sua eleição ao consentimento do sultão, até 11 de agosto de 1840, quando é abatido o poderio otomano. Este é o segundo ai, faltando apenas agora o terceiro.
O que acontece quando o anjo toca a sétima trombeta? Apocalipse 11:15.
Quando João teve a visão do livrinho doce na boca e amargo no estômago, foi lhe dito que quando o sétimo anjo tocasse a trombeta, “cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas” (Apocalipse 10:7). O mistério de Deus está terminado, ou seja, “o reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (Apocalipse 11:15). O toque da sétima trombeta é a Segunda Vinda de Jesus em glória e majestade, ao som de trombetas e com todos os anjos do céu (1 Tessalonicenses 4:16; Mateus 25:31).
O que existe de diferente no cântico dos vinte e quatro anciãos após o soar a sétima trombeta? Apocalipse 11:16-17. Comparar com Apocalipse 1:8 e 4:8.
Antes da sétima trombeta Jesus era Aquele que estava por vir, mas agora Sua vinda é uma realidade. O quinto reino tão esperado do sonho profético de Daniel 2, representado por uma pedra, arrancada sem auxílio de mãos, agora chegou (Daniel 2:44-45). Aquele que prometeu voltar com as nuvens e todo olho O veria, agora veio. Todas as criaturas, na terra e no céu, se unem em louvor ao Deus Criador e Redentor.
Os eventos atuais de nosso planeta nos mostram que estamos no limiar do reino. A porta da graça que ainda está aberta, logo se fechará. As vozes que se unem no anúncio do evangelho eterno logo silenciaram. Quando a sétima trombeta for tocada, qual será sua condição? Está sua vida nas mãos de Deus? Você já entregou seu coração a Jesus?
Conclusão
Como se diz no mundo do futebol, estamos jogando os últimos minutos do segundo tempo! Todos os anjos do céu olham atentamente para cada ser humano no desejo que seus corações se rendam a graça maravilhosa de Jesus. Cada trombeta tocada ao longo dos séculos foram advertências divinas para produzir arrependimento e salvação. Aqueles que não atentarem ao toque das trombetas sofrerão os juízos de Deus, sem misericórdia, no derramar das sete últimas pragas. É uma questão de escolha. De que lado você ficará?