Cristo não pode assegurar a salvação àqueles que apenas professam ser cristãos com base nas boas obras que praticaram (Mateus 7:21-23). Os registros celestiais, portanto, são mais que apenas uma ferramenta que serve para separar os genuínos dos falsos.
Se aceitamos Jesus Cristo como nosso único Salvador e fomos perdoados de nossos pecados, por que teremos que ser julgados também?
Porventura o juízo investigativo ameaça a salvação daqueles que creem em Cristo Jesus? De modo algum. Crentes genuínos vivem em união com Cristo, confiando nEle como intercessor (Romanos 8:34). Sua segurança é a promessa de que “temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1 João 2:1). O julgamento investigativo antes do advento não ocorre para benefício da Divindade. Destina-se, antes, primariamente ao benefício do Universo, servindo para responder às acusações de Satanás e para garantir aos seres não caídos que Deus permitirá a entrada em Seu reino tão somente daqueles que verdadeiramente se converteram. Dessa forma Deus abre os livros de registro a fim de permitir uma inspeção imparcial (Daniel 7:9 e 10).
Os seres humanos pertencem a uma dentre três classes: (1) os ímpios, que rejeitam a autoridade de Deus; (2) crentes genuínos que, mediante a confiança nos méritos de Cristo pela fé, vivem em obediência à lei de Deus; e (3) aqueles que parecem ser cristãos genuínos, mas não o são. Os seres não caídos conseguem discernir facilmente a primeira dessas categorias. Mas… quem é um crente genuíno e quem não o é? Ambos os grupos têm seus nomes escritos no livro da vida, o qual contém os nomes de todos os que, alguma vez, entraram no serviço de Deus (Lucas 10:20; Filipenses 4:3; Daniel 12:1; Apocalipse 21:27). A própria Igreja tem, em suas fileiras, crentes genuínos e crentes falsos, o trigo junto com o joio (Mateus 13:28-30).
As criaturas não caídas de Deus não são seres oniscientes; não conseguem ler os corações. Assim se faz necessário um julgamento – antes da segunda vinda de Cristo – a fim de separar o verdadeiro do falso e para demonstrar ao Universo expectante a justiça de Deus em salvar o crente sincero. A questão tem a ver com Deus e o Universo, não com Deus e o verdadeiro filho Seu. É necessária a abertura dos livros de registro, a exposição daqueles que professam fé e cujos nomes foram anotados no livro da vida.
Cristo retratou esse julgamento através da parábola dos convidados à ceia de casamento que respondem ao generoso convite do evangelho. Pelo fato de nem todos que decidem ser cristãos serem efetivamente genuínos discípulos, o rei reconhece a necessidade de inspecionar os convidados e ver quem possui os trajes nupciais. “Pela veste nupcial da parábola é representado o caráter puro e imaculado, que os verdadeiros seguidores de Cristo possuirão. Foi dado à Igreja ‘que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente’ (Apocalipse 19:8), ‘sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante’ (Efésio 5:27). O linho fino, diz a Escritura, ‘são as justiças dos santos’ (Apocalipse 19:8). A justiça de Cristo e Seu caráter imaculado é, pela fé, comunicada a todos os que O aceitam como Salvador pessoal.”
Quando o rei inspecionar os convidados, somente aqueles que estiverem vestidos das vestimentas da justiça de Cristo, tão graciosamente oferecidas no convite evangélico, serão aceitos como genuínos crentes. Aqueles que professam ser seguidores de Deus, mas vivem em desobediência e não estão cobertos pela justiça de Cristo, serão apagados do livro da vida (Êxodo 32:33).
O conceito de um juízo investigativo de todos aqueles que professam fé em Cristo não contradiz o ensino bíblico da salvação unicamente pela fé através da graça. Paulo sabia que, um dia, ele próprio enfrentaria o juízo. Diante desse fato, expressou o desejo de “ser achado nEle, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé” (Filipenses 3:9). Todos os que estão unidos a Cristo possuem a certeza da salvação. Na fase pré-advento do último julgamento, os crentes genuínos, aqueles que possuem uma relação salvadora com Cristo, recebem a afirmação perante o Universo não caído.
Contudo, Cristo não pode assegurar a salvação àqueles que apenas professam ser cristãos com base nas boas obras que praticaram (Mateus 7:21-23). Os registros celestiais, portanto, são mais que apenas uma ferramenta que serve para separar os genuínos dos falsos. Também representam o alicerce para confirmação dos crentes genuínos diante dos anjos.
Longe de roubar ao crente de sua certeza em Cristo, a doutrina do santuário a sustenta. Ela ilustra e esclarece à mente do seguidor de Cristo o plano da salvação. Seu coração penitente regozija-se ao perceber a realidade da morte substitutiva de Cristo em favor de seus pecados, conforme prefigurada nos sacrifícios. Adicionalmente, sua fé alcança as alturas a fim de encontrar significado num Cristo vivo, que é o seu Advogado sacerdotal na própria presença santa de Deus.
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1 Nisto Cremos, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, p. 424-426).