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Rússia, terceira guerra mundial e profecias bíblicas

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Como é possível compreender corretamente o conflito atual, que ocorre no leste europeu, à luz das profecias bíblicas. Conflito entre Rússia e Ucrânia tem suscitado alguns questionamentos a respeito do fim dos tempos, especialmente sobre profecias bíblicas.

A recente invasão da Rússia à Ucrânia tem suscitado discussões a respeito de geopolítica, crise humanitária e, também, aspectos proféticos. Não vou me deter nesse artigo em tópicos sobre origem do embate entre Rússia e Ucrânia. E nem acerca do pano de fundo que existe por trás de situações como essa. Há diversos especialistas que, com propriedade, já explicam o fenômeno adequadamente. Ou, pelo menos, oferecem várias perspectivas para que se construa uma opinião. Sobre crise humanitária, recomendo ver atualizações da ajuda de organismos como a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA). Ou em noticias.adventistas.org. Além do site internacional adra.org, bem como seus perfis nas redes sociais.

Entendo ser importante trazer à tona alguns aspectos que ajudarão a esclarecer dúvidas que costumam surgir em um momento como esse. Há algumas indagações que cristãos sinceros poderão fazer, diante de um conflito com mortes, destruições e um antagonismo com efeitos econômicos, políticos e sociais no planeta inteiro.

Um dos questionamentos é: esse tipo de ataque da Rússia é algo profetizado na Bíblia? Ou ainda: existe alguma clara indicação de que a Rússia é um poder mencionado na Palavra de Deus?

Rússia e profecia bíblica

Há vários anos, um grupo de estudiosos de profecias bíblicas, de diversas denominações, tem identificado a Rússia nos capítulos 38 e 39 do livro de Ezequiel, especificamente na profecia contra Gogue. Uma das principais razões para esse pensamento é a menção, no versículo 2 do capítulo 38, de que Gogue seria o príncipe de Rôs e de Meseque (Bíblia na versão Nova Almeida Atualizada). Por assimilação fonética, muitos interpretam Rôs como uma palavra associada à Rússia e Meseque como um termo que remete a Moscou, atual capital da Rússia.

Os adeptos dessa ideia creem que o ataque de Gogue contra Israel no futuro será algo literal. Os que defendem esse conceito, muitos da linha conhecida como dispensacionalismo, possuam uma argumentação específica. Afirmam que, em algum tempo futuro, a nação de Israel será envolvida em uma grande batalha protagonizada por outras nações, entre elas a Rússia. O doutor Rodrigo Silva, especialista em arqueologia e historicidade bíblica, salientou, em uma live[1], que os dispensacionalistas compreendem que isso se dará na batalha do Armagedom, que aparece no capítulo 16 de Apocalipse.

Termos em Ezequiel

O Comentário Bíblico Adventista, ao tratar do capítulo 38 de Ezequiel, especialmente do versículo 2, afirma que “é questionável a tradução de ro’sh como um nome próprio, Rôs. A palavra é muito comum no hebraico e ocorre cerca de 600 vezes no Antigo Testamento. Seu significado básico é ‘cabeça’ e, além de Ezequiel, a única ocorrência da tradução de ro’sh como um nome próprio é em Gênesis 46:21, em que é o nome dado a um dos filhos de Benjamin”.[2]

De acordo com a mesma fonte, é provável que Rússia seja originado de Rus. O Comentário assinala que “pode-se ver que qualquer semelhança sonora entre Rôs e Rússia é, obviamente, mera coincidência. Parece não haver evidência de que o nome tenha sido aplicado àquele país antes de cerca do 10º século depois de Cristo”.[3]

Ezequiel e Apocalipse

Em artigo publicado no ano de 2007[4], o teólogo adventista Jiri Moskala conclui que as profecias relatadas nos capítulos 38 e 39 de Ezequiel precisam ser corretamente compreendidas à luz de outros textos como o versículo 8 do capítulo 20 de Apocalipse. Nesse trecho, o apóstolo João menciona Gogue já na destruição final de Satanás e as pessoas perdidas após o milênio. E, portanto, depois da volta de Jesus Cristo. Moskala defende a ideia de que o ataque de Gogue a Israel poderia ser interpretado historicamente como algo a ocorrer após o exílio babilônico. Isso soaria plausível na hipótese de Israel, enquanto nação, tornar-se fiel a Deus.

O autor, no entanto, pondera que João universaliza a profecia de Ezequiel. Para Mosakala, “Gogue e Magogue já não são inimigos políticos da etnia israelita, mas sim inimigos escatológicos adversários de todas as gerações do povo perverso, desde Adão até a segunda vinda de Cristo, que obstinadamente se rebelaram contra Deus e os Seus valores e os Seus fiéis seguidores”. O Comentário Bíblico Adventista vai no mesmo sentido ao afirmar que “Gogue é muito provavelmente um nome abstrato pelo qual Ezequiel descreve o líder das hostes pagãs que fazem um ataque final a Israel após a restauração deste e numa ocasião em que povo de Deus está desfrutado a prosperidade prometida sob condição de obediência”.

Babilônia e a terceira guerra?

Na mesma live, o doutor Rodrigo Silva lembra de comentaristas que fazem referência ao fato de Gogue ser um codinome ou um nome codificado para Babilônia. Ele explica, em detalhes, a técnica que permite chegar a essa conclusão. Josef Greig também faz alusão a esse código em um artigo datado de 1978. Ali ele ressalta que “as hordas pagãs mencionadas em Ezequiel podem ser usadas para representar, simbolicamente, os poderes do mal que sempre estiveram e sempre estarão em conflito com o reino de Deus até o triunfo final de Deus”.[5]

O assunto é longo e mereceria, por isso, um artigo exclusivo. Mas a Bíblia não dá a entender que o mundo será destruído finalmente por uma terceira guerra mundial, talvez até por um embate nuclear. O capítulo 2 de Daniel nos dá uma perspectiva muito clara de como o reino eterno colocará fim ao que aqui temos visto hoje.

Jesus, no famoso sermão profético registrado no capítulo 24 do evangelho de Mateus, situa guerras e rumores de guerras (versículo 6) como indicativos dos tempos finais que antecedem Seu retorno. Ao mesmo tempo, salienta seguramente que o evangelho será pregado a todas as pessoas. E esse é o grande sinal do fim.

Retorno de Jesus

Segundo Malaquias 4, II Pedro 3:10 e Apocalipse 20, e outros textos, haverá a aniquilação completa do mal. Trata-se de uma retribuição a quem se apegou ao pecado e não aceitou a graça de Cristo que leva ao arrependimento e à mudança de vida. São os que aderiram ao conceito do mal contrário à vontade e propósitos de Deus representado fielmente por Babilônia e obviamente por aquilo que Ezequiel optou por chamar de Gogue e Magogue.

O retorno de Cristo, prometido no Antigo Testamento e confirmado pelo próprio Jesus, como no capítulo 14 do evangelho de João, é o ápice da história universal. Isso deveria ser razão suficiente para produzir esperança na vida das pessoas e profunda confiança em uma perspectiva melhor no futuro breve.

Felipe Lemos é jornalista e editor do Portal Adventista e do site Apocalipse.com.

Referências:

[1] Rússia versus Ucrânia, profetizado na Bíblia? Live com Dr. Rodrigo Silva – https://www.youtube.com/watch?v=l9tfl5bYTfk&t=2356s

[2] NICHOL, Francis. Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Vol. 4. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2012, p. 776.

[3] NICHOL, Francis. Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Vol. 4. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2012, p. 777.

[4] MOSKALA, Jiri. Toward the fulfillment of the Gog and Magog prophecy of Ezequiel. Journal of the Adventist Theological Society, 2007. Disponível em https://digitalcommons.andrews.edu/jats/vol18/iss2/6/.

[5] GREIG, Josef. Gog and Magog – Hebrew ciphers help solve a problem and knock some cherished speculations. Ministry Magazine, 1978. Disponível em https://www.ministrymagazine.org/archive/1978/02/gog-and-magog.

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