“Esmirna foi a terra da fábula de Dionisio, um deus que supostamente fora assassinado, mas que ressuscitara. Era o local da celebração dos jogos olímpicos, e contava com um dos maiores anfiteatros de toda a Ásia, ruínas do qual existe até hoje. Atualmente, a cidade que ocupa o local antigo se chama Izmir, e é a maior cidade da Turquia Asiática. O nome dessa cidade significa mirra, substância extraída de uma planta, por esmagamento. Essa substância era usada na fabricação de perfumes, também para embalsamamentos” (Novo Testamento Interpretado vol.6 pg.394).
A profecia que foi feita a esta Igreja diz, entre outras coisas, o seguinte: “Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejas tentado; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2:10).
A profecia para a Igreja de Esmirna também é aplicada a um período da Igreja Cristã, que vai do ano 100 a 313 d.C. O texto diz que eles não deviam temer pelas coisas que iriam padecer. E, não foi pouca coisa o que enfrentaram. Alguns historiadores dizem que os cristãos de Esmirna, foram literalmente esmagados, tornando-se um verdadeiro perfume para Cristo e o cristianismo.
Por que eles não deviam temer? João apresenta a razão. “Isto diz o Primeiro e o Último, que foi morto e reviveu” (Apocalipse 2:8).
Sim, Jesus, Aquele que venceu a morte, tem domínio sobre ela. A vitória dEle é a vitória dos crentes dessa igreja. E não somente deles. O recado é válido para os cristãos de todos os tempos. Mesmo que o diabo lançasse muitos deles na prisão e outros perdessem a vida, a coroa da vida eterna estaria garantida.
A profecia também diz que eles teriam uma tribulação de dez dias. O que significa este número?
Este período de dez dias pode ser entendido como um período profético. Em profecia cada dia equivale a um ano (Números 14:34 e Ezequiel 4:6-7), portanto, pode ser entendido como um período de dez anos quando o Império Romano perseguiu de forma muito intensiva os cristãos. Dos anos 303 a 313 as perseguições foram mais cruéis.
“Diocleciano, e seu sucessor, Galério, dirigiram nessa década a mais feroz campanha de aniquilamento que o cristianismo jamais sofrera nas mãos do Império romano” (C.B.A.S.D. vol.7 pg.764). A perseguição que moveu contra os cristãos, foi a mais cruel que houve na historia da cristandade. Os cristãos foram sentenciados pelo edito de Nicomédia (no ano 303). A perseguição seguiu-se por meio de outros quatro editos sucessivos. As igrejas e livros sagrados eram destruídos. Calcula-se que 50 mil cristãos foram martirizados (Vilmar Gonzalez, Daniel e Apocalipse, ed.1998, pg.135).
A perseguição durou por dez anos e só terminou quando Constantino assumiu o trono de Roma. “Constantino desejava a pacificação. Logo após a sua vitória sobre Maxêncio, de acordo com o pagão Licinio, promulgou em Milão o célebre edito de tolerância que concedia igualdade a todos os cultos, e como garantia dessa pacificação, devolveu aos cristãos os seus bens” (idem). Os 10 anos da profecia estavam cumpridos.
Porém, o texto faz ainda um apelo para a fidelidade. Aquele que for fiel ganhará a coroa da vida eterna.
Nos dias que antecederam a Constantino, a perseguição aos cristãos era quase uma rotina. Um dos imperadores que muito perseguiu a Igreja foi Décio. Ele possuía quarenta gladiadores e todos aceitaram o cristianismo, declarando abertamente a sua fé em Cristo. O imperador irado deu ordem que levassem os quarenta gladiadores para uma região deserta, junto a um lago congelado para que morressem de frio. Deveriam ser abandonados sem roupa, sem abrigo e sem alimento. Quando a sentença foi comunicada aos gladiadores, eles disseram: “Não negaremos a Jesus, nosso Salvador”.
Um grupo de soldados escoltou os gladiadores até o lago congelado. Próximo ao lago, os soldados armaram as suas tendas. O capitão dos soldados ouvia de sua tenda, a linda melodia que vinha do lago. Eles cantavam: “Quarenta gladiadores, por Jesus Cristo lutando, pedindo dEle a vitória, a coroa reclamando”.
O capitão voltou-se para os seus soldados disse: “Nunca vi nenhum soldado ter tanta dedicação e bravura ao imperador como esses homens tem a Cristo”. Quando o capitão acabou de proferir estas palavras, a cortina da tenda foi aberta e um gladiador quase morto de frio disse: “Eu nego a Jesus; deixe-me viver”.
Mesmo com o frio da noite ouvia-se o canto maravilhoso de vozes enfraquecidas. “Trinta e nove Gladiadores por Jesus Cristo lutando, pedindo dele a vitória, a coroa reclamando”. O comandante cheio de piedade perguntou-lhe: “És o único que se atreveu vir a mim, renunciando a sua fé?” “Sim, sou o único”, respondeu o homem.
Num gesto imediato, o capitão tirou a sua capa, jogou-a sobre o gladiador quase morto de frio e disse: “Eu irei tomar o teu lugar”. Dentro de poucos momentos ouve-se a música novamente: “Quarenta gladiadores, por Jesus Cristo lutando, pedindo dele a vitória, a coroa reclamando”.
A profecia diz que aquele que for fiel a Deus e a Palavra dEle na hora de crise, receberá a coroa da vida eterna. Creia em Deus para estar seguro e nos profetas dEle para prosperar.