No verso 5 do capítulo 49 de Gênesis, Jacó os define: “São irmãos”. Não eram irmãos só na carne, mas eram semelhantes em pensamentos e em ações.
Para entendermos bem este comentário de Jacó, nós temos que voltar alguns anos no tempo. Pelo menos uns 80 anos. Era mais ou menos o ano de 1.730 antes de Cristo, quando aconteceu um fato muito grave na família de Jacó. Jacó havia acabado de voltar para sua terra natal, com seus filhos e rebanhos. Fez as pazes com seu irmão Esaú e comprou um campo em Siquém. (Gênesis 33:19). Um dia Diná, filha de Jacó e Lia, que deveria ter uns 15 anos de idade, saiu para dar um passeio com as outras moças da região. Aí aconteceu a tragédia relatada em Gênesis 34:2-4: “Viu-a Siquém, filho do heveu Hamor, que era príncipe daquela terra, e, tomando-a, a possuiu e assim a humilhou. Sua alma se apegou a Diná, filha de Jacó, e amou a jovem, e falou-lhe ao coração. Então, disse Siquém a Hamor, seu pai: Consegue-me esta jovem para esposa.” O pai do moço, foi falar com Jacó e pediu a filha em casamento para o seu filho Siquém. Os irmãos de Diná, de uma forma premeditada disseram o seguinte: “Não podemos fazer isso, dar nossa irmã a um homem incircunciso; porque isso nos seria ignomínia. Sob uma única condição permitiremos: que vos torneis como nós, circuncidando-se todo macho entre vós.”
O acordo foi aceito por Siquém. Este e o pai se encarregaram de convencer toda a cidade. A cidade de Siquém ficava uns 50 km ao norte de Jerusalém. Mas o plano não era se aparentar com os filhos de Hamor, e sim uma estratégia maldosa para vingar-se. O relato bíblico continua: “Ao terceiro dia, quando os homens sentiam mais forte a dor, dois filhos de Jacó, Simeão e Levi, irmãos de Diná, tomaram cada um a sua espada, entraram inesperadamente na cidade e mataram os homens todos. Passaram também ao fio da espada a Hamor e a seu filho Siquém; tomaram a Diná da casa de Siquém e saíram. Sobrevieram os filhos de Jacó aos mortos e saquearam a cidade, porque sua irmã fora violada. Levaram deles os rebanhos, os bois, os jumentos e o que havia na cidade e no campo.” (versos 25-28)
Neste ponto eu quero fazer uma pausa para refletirmos, sob a luz da profecia, sobre um assunto muito importante, que muitos tem usado: a vingança. O que você pensa sobre a vingança? É o modo correto de resolver um problema? A vingança é aprovada por Deus?
Hoje, como em todas as épocas, pessoas por não perdoarem, armazenaram em seu coração o ódio e o desejo de vingança. Mas, como dizia o poeta italiano Juvenal, “a vingança é a pobre satisfação das mentes pequenas”. Sim, a vingança é fruto do ódio, e por isso, com muita precisão, Ellen White escreveu o seguinte: “Aquele que dá lugar ao ódio no seu coração, está pondo o pé no caminho do assassínio”. (M.C.P.2/526). Por isso o sábio Salomão afirmava: “O ódio excita contendas”. (Provérbios 10:12)
Amigo ouvinte, não deixe que o ódio tome conta de seu coração. Lute contra você mesmo. Não aceite este tipo de pensamento em sua mente. Mesmo que alguém o ofendeu, busque ajuda de Jesus para perdoar os que fizeram o mal ou desejam o mal para você. Nunca queira fazer justiça pelas próprias mãos. Deixe para as autoridades, e se estas falharem, Deus fará justiça plena no tempo certo.
Mas, ouça o resultado da vingança dos filhos de Jacó. Gênesis 34:30: “Então, disse Jacó a Simeão e a Levi: Vós me afligistes e me fizestes odioso entre os moradores desta terra, entre os cananeus e os ferezeus; sendo nós pouca gente, reunir-se-ão contra mim, e serei destruído, eu e minha casa.”
�
Já que compreendemos bem esta história, estamos prontos para entendermos a profecia feita a estes dois filhos. Gênesis 49:7 revela: “Maldito seja o seu furor, pois era forte, e a sua ira, pois era dura; dividi-los-ei em Jacó e os espalharei em Israel.” Estiveram juntos no mal, mas a profecia feita pelo pai, os separa definitivamente.
A história nos mostra o cumprimento total desta profecia. Os seus descendentes estariam espalhados no território de Canaã. Não conseguiram estabelecer tribos independentes. Anos mais tarde, quando Moisés realizou o segundo senso em Israel, Simeão se havia convertido na mais fraca de todas as tribos. (Números 26:14) Na benção de Moisés, Simeão foi passado por alto. Para a tribo de Simeão, não foi designado um território separado como herança, mas ela recebeu uma quantidade de cidades, dentro do território de Judá. As famílias da tribo de Simeão não cresceram muito, e a maioria foi absorvida pela tribo de Judá.
A tribo de Levi também não recebeu terra, eles receberam apenas 48 cidades espalhadas por todo o território de Israel. Mais tarde, a tribo de Levi, tomou uma posição firme ao lado de Deus. Você lembra daquele incidente no Monte Sinai, diante do bezerro de ouro? A única tribo que se uniu a Moisés foi a de Levi. Mas isto não mudou a profecia. Eles continuaram espalhados nas 48 cidades Porém, por esta postura foi dada a tribo de Levi a tarefa de cuidar dos serviços religiosos do tabernáculo (Êxodo 32:26). A tribo de Levi, por sua fidelidade a Deus, converteu a maldição em uma benção; continuavam espalhados pelo território, mas tinham o privilégio de trabalhar nos serviços sagrados do templo.
Deste episódio podemos tirar algumas lições: o ódio é um sentimento que deve ser banido completamente de nosso coração. A vingança não deve fazer parte de nossa filosofia de vida. Para os dois irmãos foi dito a mesma coisa, mas a história final foi completamente diferente. A tribo de Simeão acabou praticamente desaparecendo, como organização. A tribo de Levi, por se posicionar na hora de maior crise espiritual ao lado do Senhor, tornou-se uma tribo de muita importância para a nação de Israel.
Se você, amigo ouvinte, se colocar ao lado de Deus, muita coisa poderá ser revertida para que o seu futuro seja mais feliz e promissor. Independente do que você tenha feito, o que tenha praticado, pare e assuma uma posição firme ao lado de Deus, como fez Levi.