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O cenário da batalha final

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Adoração é a atitude decisiva no clímax do grande conflito, que se aproxima cada vez mais e envolverá o mundo todo

Você sabe em que consistirá a famosa batalha do Armagedom, por que ela ocorrerá e onde terá lugar? Descobrir esses aspectos é essencial para entender o cenário da guerra final, conforme retrata o Apocalipse.

Para começar, o reavivamento da igreja dará grande ímpeto à restauração da verdade na Terra. O Apocalipse representa isso na imagem do quarto anjo (18:1) que se une aos três primeiros em proclamar as mensagens angélicas.

O ponto de partida para a crise final é emergência do remanescente em assumir sua missão de forma corajosa. As três mensagens angélicas proclamam o “evangelho eterno” e anunciam o juízo iniciado em 1844. Além disso, constituem-se num ataque direto às estruturas da Babilônia mística e chamam os sinceros a repudiar a marca da besta a fim de se livrarem das sete últimas pragas (v. 9-10). Enfim, os três anjos chamam a humanidade a adorar e obedecer ao verdadeiro Deus.

O movimento global de restauração da verdade desperta a ira dos inimigos de Deus. Por isso, o dragão entra em “guerra” direta contra o remanescente que vindica os “mandamentos de Deus” (Ap 12:17, ARC). A palavra para “guerra” vem do verbo grego polemeo, usado para a “batalha” entre Miguel e o dragão (Ap 12:7). Esse será o momento em que o remanescente é envolvido diretamente no grande conflito.

A restauração da verdade conduz ao surgimento de uma geração de “santos”, uma coalizão de fiéis testemunhas da Palavra de Deus. Eles também são chamados de “cento e quarenta e quatro mil” (Ap 14:1) e os “eleitos e fiéis” (17:15).

Paralelamente, as forças opositoras também caminham para a formação de uma coalizão. Isso é revelado na visão dos três espíritos imundos (Ap 16:13), uma contrafação dos três anjos de Apocalipse 14. Esses espíritos se dirigem aos “reis do mundo inteiro” com o objetivo de “ajuntá-los” para a “batalha” (do grego, polemos) do grande dia de Deus (Ap 16:14). Essa coalizão tem sua dimensão religiosa retratada na figura dos três demônios, a qual é chamada de “cidades das nações” (16:19) e “grande meretriz” (17:1, 18). A dimensão política é retratada na figura dos “reis do mundo inteiro” e, por sua vez, é chamada de “segunda besta” (13:11), “águas do Eufrates” (16:12) e “oitavo rei” (17:11).

O teólogo adventista Jon Paulien afirma, no livro Armageddon at the Door, p. 133, que a formação dessas “confederações globais vai indicar claramente a chegada dos eventos finais na história da Terra”.

Armagedom 

Os três espíritos, representando as religiões de todo o mundo, conseguem congregar os “reis da terra”, e os ajuntam num lugar que “em hebraico se chama Armagedom” (Ap 16:16).

Alguns acham que se trata de uma guerra entre as nações orientais e as ocidentais, no vale de Jezreel, na Palestina. Outros creem que a batalha seja de natureza religiosa, na qual os reis do mundo do inteiro, influenciados por suas religiões, farão uma investida final contra os fiéis de Deus.

João viu que a sexta praga provoca a secagem das “águas do Eufrates”, preparando o “caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol” (Ap 16:12). Uma vez que as “águas” sobre as quais a meretriz se assenta são “povos, multidões, nações e línguas” (17:15), a sexta praga prevê, portanto, a retirada do apoio desses povos, o que resulta na própria queda da Babilônia.

Nesse caso, a visão dos espíritos imundos em ajuntar “os reis do mundo inteiro” (Ap 16:14) seria um parêntese na narrativa da sexta praga para revelar como a situação de conforto e sustentação da Babilônia foi construída, naturalmente antes das pragas.

Se o Armagedom é uma batalha dos reis e das religiões do mundo inteiro contra o remanescente fiel, espalhado por toda a Terra, por que João diz que os “reis” foram “ajuntados” num lugar chamado “Armagedom”? Enfim, onde será travada a última batalha?

O estudo da palavra empregada por João tem levado estudiosos adventistas a conclusões pertinentes. A palavra “Armagedom” é a junção de duas palavras: (1) o termo hebraico har, que é “monte”; e (2) o nome Magedon, que é a transliteração do hebraico Megiddo para o grego. Assim, “Armagedom”, literalmente, quer dizer “Monte de Megido”.

Para que o Apocalipse empregasse esse local como uma metáfora da última batalha do grande conflito, algo decisivo teria de ter acontecido ali. Os locais e eventos usados como símbolos no Apocalipse são aqueles de grande representação na história de Israel.

No Antigo Testamento, Megido era parte da herança dada à tribo de Manassés (Jz 1:27). Era uma antiga cidade cananeia no vale de Jezreel, entre Samaria e a Galileia, com mais de 300 km2. O vale tem esse nome porque, na extremidade sul, ficava a cidade de Jezreel. O lado norte é limitado pelas montanhas de Nazaré, e o lado sul é formado pelos montes de Samaria, incluindo as montanhas de Gilboa.

De fato, Megido era uma cidade, não um monte. Essa cidade é mencionada no relato da batalha entre os reis de Canaã contra Israel, liderado vitoriosamente por Débora e Baraque (Jz 5:19). Entretanto, essa não é pertinente como exemplo para a batalha final envolvendo adoração. Por outro lado, nenhum dos montes ligados ao vale de Jezreel teve importância no cenário do grande conflito.

Carmelo

Contudo, ao identificar todas as montanhas ligadas ao vale de Jezreel, chega-se, por fim, ao monte Carmelo, que é o cume da borda sudeste do vale, próximo à cidade de Megido. Consta que o Carmelo é o ponto mais alto no cume, exatamente olhando para Megido.

Neste monte, realmente houve um confronto paradigmático entre Yahweh e Baal, entre Elias e os falsos profetas. Esse evento figura entre os grandes acontecimentos da história de Israel. Por sua coragem, Elias se projetou como um dos maiores profetas do povo hebreu. Ele se tornou um tipo de João Batista e do remanescente do fim do tempo, em preparar o caminho para a volta de Cristo.

O Carmelo é o monte célebre mais próximo à cidade de Megido. Faz sentido que João se referisse a ele com o codinome “Monte de Megido”, ou seja, “Armagedom”, da mesma forma que o Corcovado pode ser chamado de Monte do Rio de Janeiro, pois este é o mais célebre dessa cidade.

No monte Carmelo, Elias congregou o povo de Israel para a grande prova do verdadeiro Deus (1Rs 18:19-22, 36-38). O profeta mandou “ajuntar” na montanha de Megido “todo o Israel”, bem como a multidão dos profetas de Baal, os quais ensinavam o povo a adorar a um deus pagão. A falsa religião era comandada por uma rainha pagã, chamada Jezabel. Corajosamente, Elias “restaurou o altar de Deus que estava em ruínas” (1Rs 18:30).

O evento do Carmelo se ajusta perfeitamente às visões de Apocalipse 13 e 17, nas quais uma religião falsa usa o poder político das nações, o que configura uma relação adúltera entre a igreja e o estado, como o ponto de partida para a guerra ao remanescente. Essa relação é miniaturizada para o profeta na figura de uma meretriz montada numa besta. A meretriz reproduz a figura de Jezabel, enquanto a besta reproduz a figura do rei Acabe. Jezabel conseguiu dominar a personalidade fraca de seu marido israelita, o que resultou num processo de paganização do reino de Israel. No Apocalipse, um processo de idolatria global resulta de a religião falsa conseguir “montar” (ou reinar) sobre os reis da Terra.

No relato de 1 Reis, as palavras “ajuntar”, “todo” e “altar” são expressões-chave. Em Apocalipse 16:12-16, o verbo “ajuntar” ocorre duas vezes. João usa o termo synago, de onde vem “sinagoga”, que quer dizer “congregação”. No relato de 1 Reis, o verbo hebraico para “ajuntar” é qabats, o qual é traduzido na versão grega por episynago (1Rs 18:20), da mesma raiz. A noção de “totalidade” é bem atestada em ambos os relatos. “Todo” o Israel é reunido no monte Carmelo, bem como todos os falsos profetas. No Apocalipse, as três mensagens angélicas são proclamadas a todas as nações (Ap 14:6), e os espíritos de demônios se dirigem aos “reis do mundo inteiro” (16:14).

Os termos comuns e o sentido compartilhado de restauração do altar, por parte de Elias, e de restauração da verdade, por parte do remanescente, sugerem que o evento do Carmelo poderia estar na mente de João ao visualizar a batalha do Armagedom.

Tendo o evento do Carmelo como sua história de fundo, João prevê a batalha do Armagedom em termos de um confronto entre a verdadeira e a falsa religião. Entre o verdadeiro e o falso dia de adoração. Entre o Deus verdadeiro e a falsa representação dele na religião da meretriz e da besta.

Dessa forma, a batalha do Armagedom não deverá ser um confronto no vale de Jezreel, na Palestina. Poderá, de fato, abarcar toda a Terra. Onde quer que a verdade e a lei de Deus sejam restauradas, ali se estabelecerá o conflito final.

No Apocalipse, portanto, o Armagedom não deve ser exatamente um “monte geográfico”, mas um “evento escatológico” que se estenderá por toda a superfície da Terra e deverá se prolongar por certo tempo, pelo menos desde o decreto dominical até a queda da Babilônia, por ocasião da sexta praga.

O reavivamento da igreja, no cumprimento de sua missão, deverá precipitar a última batalha na Terra. Nesse conflito, os fiéis de Deus sabem que são vitoriosos “pelo sangue do Cordeiro e pela Palavra do seu testemunho”.

Vanderlei Dorneles, pastor e jornalista, é editor de livros na Casa Publicadora Brasileira

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